Um breve relato de contaminação

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CONCENTRAÇÕES SANGUÍNEAS DE METAIS PESADOS E PRAGUICIDAS ORGANOCLORADOS EM CRIANÇAS NA BAIXADA SANTISTA

 

Um breve relato de contaminação urbana por mercúrio:

Em 1993 uma equipe de pesquisadores, a saber: Eladio Santos Filho, Rebeca de Souza e Silva, Heloisa H. C. Barretto, Odete N.K. Inomata, Vera R. R. Lemes, Alice M. Sakuma e Maria Anita S. realizaram um trabalho denominado CONCENTRAÇÕES SANGUÍNEAS DE METAIS PESADOS E PRAGUICIDAS ORGANOCLORADOS EM CRIANÇAS DE 1 A 10 ANOS.

Esta pesquisa foi realizada em crianças que moravam às margens de rios da cidade de Cubatão em função das verificações da CETESB que demonstraram que os peixes estavam (e estão) impróprios para o consumo humano devido aos teores de chumbo e mercúrio acima dos limites permissíveis, além da constatação de contaminação por organoclorados tais como HCB, HCH e uma gama de outros POPS (Poluentes Orgânicos Persistentes).

Das 251 crianças que compuseram a amostra estudada, foi possível determinar toda a gama dos tóxicos persistentes em 96% das amostras, bem como elevados teores sanguíneos de mercúrio em 224 delas num teor médio de 8,8 / 6,1 microgramas/litro. Muitos estudos têm mostrado haver uma relação direta e positiva entre o consumo de peixes e concentração sanguínea de mercúrio.

Recentemente (2002) o Dr. Eládio Santos Filho foi procurado pela ACPO e alertou para o fato dos estudos terem sido interrompidos, pois em sua opinião estas pesquisas deveriam não só ser retomadas como também todas as crianças moradoras naquela região de alto risco deveriam estar sendo acompanhadas clinicamente desde aquela data.

Os efeitos tóxicos do mercúrio (Hg) sobre o organismo humano, embora já conhecidos, começaram a ser bem evidenciados em l953, quando foi identificado o 1º caso de lesão do sistema nervoso central em moradores de vilas próximas à cidade de Minamata, Japão. Os doentes eram, em sua maioria, pescadores ou compradores de peixes capturados na baia, que abasteciam esta cidade. Mais de 1300 pessoas morreram, inclusive com casos de enfermidade neurológica congênita, conhecida como “doença de Minamata” ou “mal de Minamata”. Em 1956, descobriu-se que a descarga de dejetos industriais na baía de Minamata, compunha-se de um composto de Hg inorgânico, que era usado como catalisador na produção de plástico. Este composto, em sua forma metálica, é praticamente inerte e reage muito pouco com o ambiente. Quando despejado nos rios, entretanto, liga-se a átomos de carbono (processo de metilação) e entra na cadeia alimentar. Do plâncton passa aos peixes e dos peixes ao homem.

Arquivos Brasileiros de Cardiologia – abc@nib.unicamp.br